Despreocupadamente: maio 2006

quarta-feira, maio 31, 2006

A Vida é feita de momentos*

* ou o post com dedicatória

segunda-feira, maio 29, 2006

A Cela

Encostou uma cadeira à porta, tentando impedir que se voltasse a abrir a velha porta que só trancava por fora. Por um instante sentiu-se mais seguro e dono de um espaço só seu. Apenas uma vã ilusão que o confortava.
O cobertor sujo e amarrotado serviu para tapar a luz que entrava pela pequena janela, o Sol que naquele dia se lembrou de brilhar intensamente ofuscava-lhe as ideias.
A escuridão total dava-lhe a liberdade para gritar, mas optou por não o fazer. Nenhum som poderia acalmar o turbilhão de imagens que o perseguiam. Mas nem assim conseguia pensar com o barulho ensurcedor que o silêncio fazia. Sentia-se gasto. Perdera tanto tempo a tentar encontrar, a encontrar-se....
Nada fazia sentido naquele instante. O mundo confinado a um pequeno cubiculo sombrio. Talvez nunca tivesse forças para sair daquele pequeno casulo. Não havia motivos, nem vontade para que tentasse sequer...
Sorveu um pouco de esperança numa imagem colorida que o assombrou mas rapidamente também ela o abandonou...

(um desafio...) (e o desafio foi respondido aqui)

Não sou o único...

Pensas que eu sou um caso isolado
Não sou o único a olhar o céu
A ver os sonhos partirem
Há espera que algo aconteça

A despejar a minha raiva
A viver as emoções
A desejar o que nao tive
Agarrado às tentações

E quando as nuvens partirem
O céu azul ficará
E quando trevas se abrirem
Vais ver o sol brilhará

Não, não sou o único
Eu não sou o único
Não sou o único a olhar o céu

Pensas que eu sou um caso isolado
Não sou o único a olhar o céu
a ouvir os conselhos dos outros
E sempre a cair nos buracos
A desejar o que não tive
Agarrado ao que não tenho

Não, não sou o único
Não sou o único a olhar o céu

E quando as nuvens partirem
O céu azul ficará
E quando as trevas se abrirem
Vais ver o sol brilhará

Não, não sou o único
Eu não sou o único
Não sou o único a olhar o céu


Xutos & Pontapés

quinta-feira, maio 25, 2006

Passividade


"Não pretendo com estas imagens apenas chocar, mas sim mexer nas feridas, mexer na conformidade podre, no desperdicio, na concentração nos nossos umbigos, é facil fazer, é facil dar. é facil ajudar, custa pouco e certamente fará muito.há um ditado chinês que diz algo mais ou menos como, não ofereças o peixe...ensina a pescar, a soluçao para muitas destas vidas marginais passa pelo tal " ensinar a pescar " mas a passividade perante estas situaçoes nao é certamente a soluçao. "
Texto e fotografia de Paulo César

quarta-feira, maio 24, 2006

Tens lume?

Às vezes sento-me sozinho e fumo-as... puxo por uma, tiro um fósforo e acendo-a até sentir o seu calor invadir-me a garganta. E fumo-as como quem fuma um solitário cigarro.
As palavras são em muito como o tabaco. Assim que as acendo desaparecem como fumo enfeitiçado que dança até já não o conseguir ver mais. E quando desaparecem deixam de ser palavras para serem apenas ar que outros irão respirar...

in O Outro lado da Carne

Num outro tempo...

E quis partilhar! Partilhar-se...

... com a leve bruma que o envolvia, e por um momento conseguia sentir, quase ser.
Tentou unir-se com todos os fragmentos coloridos que o rodeavam e o aqueciam como as primeiras labaredas de uma fogueira. A esperança vã de aprender a ser que crescia a cada instante engolia-o.

O negro pálido do horizonte definia agora cores sublimes que nunca tinha experienciado, fora da sua redoma opaca tudo se transformava a uma velocidade aterradora, e por um instante sentiu-se traido.

Tinha-se traido ao tentar compreender, ao procurar o mundo que sempre negara. Mas a paz que se instalara afastou-lhe os pensamentos sombrios e não tentou compreender... Afinal nada era e nada tinha a perder, apenas uma sombra vaga de um outro tempo... Talvez fosse a tempestade que durante tanto tempo tentou alcançar...

(em resposta a um desafio... lançado aqui )

terça-feira, maio 23, 2006

fim de noite

Acabo a noite que se avizinhava curta visto ser dia de labuta na TC com o sabor da imperial nos lábios oiço alguém a conversar sobre religião, sobre Da Brown e sobre Nossa Senhora de Fátima... O assunto, polémico, suscitou-me interesse e acabei por participar no mini-debate. O principal interveniente, homem dos seus 60 anos, completamente bêbedo e com um passado em guerras do Ultramar que tão bem explicava aclamava a quem o quisesse ouvir que Deus não existia e quem acreditava em tais coisas só podia ser analfabeto. Do outro lado estava eu (visto que quando entrei na conversa o outro interveniente aproveitou para fugir), no alto da minha despreocupação caracteristica da idade, com alguma sapiência e algumas imperiais já bebidas. Se por um lado ele me retirava toda a credibilidade por eu ser jovem, eu retirava-lhe essa mesma credibilidade pelo arrastar da voz. Estavamos em igualdade.
Falámos sobre santos, deuses e religiões, sobre o mundo dos vivos e do outro...
O mini-debate não deu em nada concreto, como acontece quando se fala em religião, mas terminou quando lhe perguntei em que é que acreditava...

Respondeu-me simplesmente: "O meu Deus é tudo o que vejo, tudo o que toco e tudo o que aprendo"

Nada mais tinha para lhe dizer... afinal ele tinha uma lição de vida para me ensinar...

Elogio à Despreocupação

Hoje está um daqueles dias bruxelenses! Chuva, vento, frio. Sobre a secretária, um livro de Inglês espera que ganhe coragem para abri-lo e reiniciar o meu trabalho de tradução... Deixo-o estar e venho despreocupar-me. Um texto sem fim ou com todos os fins possíveis, uma bandeira feminina, alguns comentários que me deixam surpreendida, mas sempre o mesmo espírito, a mesma energia positiva que me captivou desde o primeiro instante, quando tive necessidade de escrever algo e, por mero acaso, descobri este cantinho. O melhor, porém, viria depois, ao conhecer as pessoas que aquecem este lugar, com palavras, imagens, questões que revelam uma Alma que tenta desdobrar-se e alcançar o que todos procuramos, desde o início dos tempos, a Verdade, a única Verdade!
Se pudéssemos realizar um trabalho intensivo de pesquisa sobre as reacções a cada um dos post deste blog, tenho a certeza que muito descobriríamos sobre este Verdade que muitos supõem escondida ou, talvez até, inexistente. Os limites da espécie humana revelam um horizonte cada vez mais distante, tanto para o lado das trevas, como para o lado da luz, e isso é que é maravilhoso. Não quero com isto dizer que estamos aqui a criar obras de arte, que o leitor se limita a observar, como se estivesse numa galeria. Não. É muito mais do que isso, pois não tem qualquer fim lucrativo, a não ser atingir o que mais valor tem para a existência humana, a sua própria realização.
Pensamentos exagerados, talvez, dada a quantidade de factos banais ou ainda abaixo destes que aparecem por aqui diariamente, mas não somos nós uma construcção feita a partir de tudo o que existe? Ou podemos pretender que a Verdade reside apenas no silêncio, na proclamação de valores universais ou na contemplação muda da beleza divina? Há muito mais em cada um de nós. E ainda bem.
Assim, Despreocupar-se acabou por tornar-se uma forma de agradecer à vida, com a criação de mais vida. Há Despreocupados que nunca se revelam, pela escrita ou pela imagem, mas percorrem também um caminho especial, pois acreditam que há sempre um raio de sol atrás das nuvens que persistem no céu. É por isso que se despreocupam e sorriem. Têm confiança e avançam. Um dia, ouviremos falar deles.
Espero que esta corrente nunca deixe de aumentar. O G8 será sempre o G8, o embrião, a origem, mas apenas de uma das muitas imagens por aí espalhadas, do apelo feliz de todos os que ainda acreditam. Não foi o primeiro. É mais um. Ainda bem.

segunda-feira, maio 22, 2006

Devaneios...

(... ) calcorreava as ruas rapidamente, conhecia a cara de todos os que consigo se cruzavam, mas nem um aceno, um cumprimento, uma palavra amiga era pronunciada. Não prestava grande atenção, o seu objectivo para aquela manhã chuvosa estava já definido.
Tinha passado toda a noite em claro, perdido em pensamentos e vivências que não queria recordar mas que a memória insistia em não apagar. Ao caminhar agora pelas ruas calcetadas de um outro tempo tudo lhe fluia. Os pensamentos que tinham adormecido quando se levantou depois de longas horas em que suplicava apenas um sono descansado tinham regressado.
A cabeça latejava e sentia-se perdido, felizmente as pernas ainda lhe obedeciam e continuava a caminhar em frente ignorando o mundo que se unia para conspirar à sua passagem.
Tudo lhe era indiferente naquela manhã chuvosa, nada mais o podia abalar, nada poderia ser pior que a noite que encerrava agora os seus últimos raios de escuridão.
Atravessou a estrada repleta de carros sem se importar na velocidade destes, estava convicto que nada o pararia agora, e só ao chegar à outra margem se apercebeu do perigo que tinha corrido. Não perdeu mais que um segundo neste pensamento pois outros logo lhe assolaram a mente, teria ele força para (...)

sexta-feira, maio 19, 2006

A Little Game


Once I had a little game
I like to crawl back in my brain
I think you know the game I mean
I mean the game called "go insane"
Now you should try this little game
Just close your eyes forget your name
Forget the world, forget the people
And we'll erect a different steeple
This little game is fun to do
Just close your eyes, no way to lose
And I'm right there, I'm going too
Release control, we're breaking through

Jim Morrison

quarta-feira, maio 17, 2006

ironias...

Afixado num centro paroquial:

"O preço da inscrição no grupo de reflexão 'Oração e Jejum' já inclui as refeições".

terça-feira, maio 16, 2006

Não sou do tempo...! II

Irão e EUA - o jogo continua

Apeteceu-me perguntar aos amigos Despreocupados o que acham deste combate de forças, no qual não somos mais do que simples figurantes e, por isso, os primeiros a desaparecer do palco, se a coisa der para o torto.

Mais uma vez, os Estados Unidos limitam-se a pensar nos seus interesses? E o Irão, acham que trouxe ao mundo um novo Hitler?

Visto que não podemos fazer muito, do ponto de vista decisivo, podemos pelo menos, discutir sobre o que se passa... Talvez haja uma luz...






Irão acusa EUA de prejudicar negociações com a Europa

O Irão acusou os Estados Unidos de quererem prejudicar as negociações com a União Europeia (UE), tendo em vista o desmantelamento do programa nuclear, ao admitirem a hipótese de uma acção militar contra Teerão. Os iranianos negam ainda que comandos americanos se tenham conseguido infiltrar no país para acções de reconhecimento de instalações nucleares. Um porta-voz do Conselho Supremo da Segurança Nacional iraniano, Ali Agha, disse ser "simplista" aceitar que é fácil entrar no Irão para fazer espionagem. Estas declarações forem feitas à imprensa iraniana após a revista New Yorker ter revelado que Bush teria assinado uma série de ordens autorizando operações terroristas contra alvos suspeitos em dez países, incluíndo o Irão. Ainda em resposta a Bush - que na segunda-feira não excluiu a hipótese de recorrer à violência contra Teerão -, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hamid Reza Assefi, afirmou que o país "responderá com determinação a qualquer acto ou projecto imprudente, apoiando-se num enorme apoio popular, na sua experiência diplomática e no seu alto potencial militar". O chefe da diplomacia britânica, Jack Straw, reconheceu o cepticismo de "alguns funcionários" da Administração Bush em relação às iniciativas europeias no que se refere ao nuclear uraniano. Berlim, por seu lado, diz que os EUA têm todo o direito de manter em aberto todas as opções em relação ao Irão. Reino Unido, Alemanha e França são os países que negoceiam com Teerão o fim das actividades ligadas ao nuclear. Straw minimizou, porém, as notícias sobre o alegado plano de ataque. Em declarações ao Financial Times, o chefe da diplomacia britânica optou por sublinhar os esforços da União Europeia para pressionar o Irão a desmantelar o seu programa nuclear, adiantando ainda que há uma frente comum europeia em relação a esta matéria.


DN online

Cow Parade


Há uns tempos aterrou uma no Saldanha, imponente, gigante, anúnciando uma insavão futura que toda a gente ignorou.
Foi um erro tremendo.
Agora elas apareceram por todo o lado.. no Saldanha começaram a minar a praça principal, estenderam-se ao Marquês de Pombal e foram percorrendo ruas e estações de metro sem se preocuparem, alargaram-se até aos Restauradores e ao Rossio, começaram a subir as principais avenidas da cidade cinzenta e ninguém fica indiferente a esta invasão.
A primeira era apenas um aviso... dezenas apareceram e prometem ficar... deslocando-se em manadas e maravilhando quem por elas passa...

É a Cow Parade Lisboa 2006.

E alguns despreocupados já se estão a organizar para uma jornada fotográfica a fim de recolher todas as informações desta invasão...

segunda-feira, maio 15, 2006

Despreocupadamente escrevo o 300 post


Caros amigos, cá estou eu. Como sempre nos momentos mais difíceis eis que o “Amarelo” aparece, cabe então a mim essa difícil tarefa de criar o 300 post no nosso grandioso blog. Pois é se há coisas difíceis de fazer, que seja eu a faze-lo. Não podia neste momento deixar de prestar homenagem a todos os “despreocupados”, sim sei que já passamos por momentos difíceis, sim mas os tempos vizinhos prevê-se um nível e qualidade muito superior ao imaginado por todos nós. Tenho também que agradecer a todos aqueles que visitam o nosso blog, sim porque sem eles não éramos ninguém, (todos os tipos da televisão nos agradecimentos dizem isto, acho lamechas mas fica sempre bem). É complicado para mim explicar o orgulho que tenho em fazer parte desta “família”, sim porque sei que é já um sonho de qualquer pessoa em fazer parte deste blog. Muita coisa mudou desde a criação do blog, não só nas nossas vidas, vamos ser realistas, corremos todas as bocas para esse mundo a fora, é arrepiante ver o nosso nome nos jornais, na televisão, na rádio, é o fenómeno.
Deixo desde já aqui algum dos testemunhos das minhas palavras.

Diario Economico



Sim na Sic noticias

Por ultimo já é noticia em todo o mundo, Despreocupado na LUA


Neil Armstrong "um pequeno passo despreocupado, um grande passo para a humanidade"

Amigos depois disto tudo, o que quero dizer é que o homem é do tamanho dos seus sonhos (estaremos em Marte).

P.S. Para breve a venda Kit Despreocupado

P.S2. Venham mais 300 post pessoal, PARABENS

domingo, maio 14, 2006

Charade III

A cor do Chapéu?

Três homens estão sentados no anfiteatro ao ar livre, uns atrás dos outros.
Cada um tem um chapéu na cabeça.
Os três chapéus foram retirados de um cesto que tinha cinco chapéus, sendo três verdes e dois vermelhos.
Os três homens têm esta informação.
Cada homem só vê o chapéu daquele ou daqueles que estão á sua frente.
Pergunta-se-lhes de que cor é o chapéu que cada um tem na cabeça.
O homem que está mais atrás diz: "Não tenho dados suficientes para responder."
Depois desta resposta o homem que está no meio diz o mesmo, então, só então o que está á frente diz correctamente qual a cor do seu chapéu.
De que cor é o chapéu do homem da frente e como o descobriu?

(o próximo post é o 300... quem se arrisca a escrever uma coisa fora de série?)

sábado, maio 13, 2006

O amor e a sua correspondência

A banalização do telemóvel criou a ilusão do objecto omnipresente. Numa posição de omnipresença, um objecto de paixão passou a ter a "obrigação" da resposta imediata a qualquer estímulo, sob pena de provocar o sofrimento do outro.

A angústia da perda passou a estar associada a trivialidades - pode acontecer, vertiginosa, quando se esgotou uma bateria; ocorre quando o amor se passeia displicente em lugares sem rede; e pode disparar a níveis clínicos quando o objecto amoroso, usando um direito inalienável de autodeterminação, decide desligar o telemóvel.

No amor, o telemóvel fez disparar o stress, a ansiedade, as angústias da rejeição e outras malaises de la civilisation. Um telemóvel desligado é uma providência cautelar para uma ruptura. Um presumível sintoma de infidelidade. Um fechar com a porta na cara. Um não, uma nega, uma tampa.

O telemóvel é caro, mas o amor tende a minimizar o impacto económico das medidas a que, no auge da paixão, recorre. E depois há as sms, esse deslumbrante e mais económico instrumento de sedução, mas - também ele - uma grilheta dos amantes. Os segundos de resposta, os minutos, as horas, tudo é contabilizado para avaliar o impacto de um amor.

Institucionalizados os novos rituais do enamoramento, não importa se o objecto costuma estar sequestrado na Biblioteca Nacional ou vive em audiências contínuas com díspares personalidades; se, por qualquer razão que o coração se esforça por desconhecer, não vive com o maldito computadorzinho na mão, em permanente disposição de disparar uma resposta irredutível.

O mail tem um tempo mais distendido, se excluirmos as pessoas cuja profissão as obriga a estar permanentemente em frente do computador. Estas são ainda fustigadas com o monstro do messenger, que, de borla, obriga ao diálogo contínuo.

Mas a minha amiga Vanessa, que num estado de paixão patético tem passado o último mês a escrever mails ridículos, sms ridículas e a contar os segundos da resposta, teve um destes dias um inesperado e surpreendente ataque de felicidade amoroso: recebeu uma carta. Um postal dos correios. Um envelope com selo e tudo. Quando abriu a caixa e viu que não eram só contas, ia desfalecendo. Uma carta. Uma carta? Sim, só um grande amor.

Ana Sá Lopes

Assim vai o mundo...

terça-feira, maio 09, 2006

A Veia do Poeta

A Veia Do Poeta

Cansado do movimento
Que percorre a linha recta
Fui ficando mais atento
Ao voo da borboleta
Fui subindo em espiral
Declarando-me estafeta
Entre o corpo do real
E a veia do poeta

Mas ela não se detecta
À vista desarmada
E o sangue que lá corre
Em torrente delicada
É a lágrima perpétua
Sai da ponta da caneta
Vai ao fim da via láctea
E cai no fundo da gaveta

Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
Numa folha secreta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
No fundo duma gaveta
Ai de quem nunca injectou
Um pouco da sua mágoa
Na veia do poeta

Carlos Tê / Rui Veloso

Camaradas e amigos desta e de outras Vidas... despreocupem-se!

segunda-feira, maio 08, 2006

Beijo na Boca

Um toque. Ao de leve. Cada vez mais profundo. Ligeiro toque. Doce, tímido, como quem percorre terras virgens, sem saber o que vai encontrar. Cada vez mais quente, profundo, húmido. Havia dois que, pouco a pouco, passaram a ser partes de um só. Uma unidade. A perfeição. O fim e o princípio de tudo. Como sempre. Há neste encontro perfeito todos os sentimentos fundidos no nada, no inexplicável, no inexistente. Há entrega, a única verdadeira entrega. Há, por outro lado, acolhimento, o único verdadeiro acolhimento. Dá-se voluntariamente o melhor e o pior que habita a Alma; recebe-se o mesmo, sem mais nem menos verdade. Há momentos mais violentos, mais intensos, mais importantes, mas nenhum mais verdadeiro. Há momentos raros, mas este é único. Há momentos bons, mas este é perfeito.

Beijar. Sentir o toque dos lábios de alguém e deixar-se levar pela certeza de que se está em segurança. Sentir-se em paz e esquecer que houve um antes e que haverá um depois, tempo salpicado de medos, guerra, desconfiança. Só se beija a boca de alguém com quem se partilha a Vida, mesmo que seja por breves segundos, e a Vida, essa, só se partilha com a outra metade do círculo, mesmo que seja por segundos breves...

quinta-feira, maio 04, 2006

Leilões

José Mourinho atirou a sua medalha de campeão para a bancada e neste momento já há ofertas de milhões de euros para a sua compra. José Veiga está já a pensar em atirar Beto e Laurent Robert para a bancada, no final do próximo jogo.

in Alcómicos Anónimos

quarta-feira, maio 03, 2006

Receita da Felicidade

"Deita fora todos os números não essenciais à tua sobrevivência.
Isso inclui idade, peso e altura.
Deixa o médico preocupar-se com eles.
É para isso que ele é pago.
Frequenta, de preferência, amigos alegres.
Os de "baixo astral" põem-te em baixo.
Continua aprendendo...
Aprende mais sobre computador, artesanato, jardinagem, qualquer coisa.
Não deixes o teu cérebro desocupado.
Uma mente sem uso é a oficina do diabo.
E o nome do diabo é Alzheimer.
Curte coisas simples.
Ri sempre, muito e alto.
Ri até perder o fôlego.
Lágrimas acontecem.
Aguenta, sofre e segue em frente.
A única pessoa que te acompanha a vida toda és tu mesmo.
Mantém-te vivo, enquanto vives!
Rodeia-te daquilo de que gostas: família, animais,
lembranças, música, plantas, um hobby, o que for.
O teu lar é o teu refúgio.
Aproveita a tua saúde;
Se for boa, preserva-a.
Se está instável, melhora-a.
Se está abaixo desse nível, pede ajuda.
Não faças viagens de remorso.
Viaja para o Shopping, para a cidade vizinha, para um país estrangeiro,
mas não faças viagens ao passado.
Diz a quem amas, que realmente os amas, em todas as
oportunidades.
E lembra-te sempre de que:
A vida não é medida pelo número de vezes que respiraste, mas pelos
momentos em que perdeste o fôlego:
de tanto rir...
de surpresa...
de êxtase...
de felicidade..."
"Há pessoas que transformam o Sol numa simples mancha amarela, mas há
também as que fazem de
uma simples mancha amarela o próprio Sol"
Pablo Picasso

terça-feira, maio 02, 2006

Enganar o tempo?



Vamos enganar o tempo
saltar para o primeiro combóio
que arrancar da mais próxima estação!
Para quê fazer projectos
quando sai tudo ao contrário?
Pode ser que, por milagre,
troquemos as voltas aos deuses

Entre o caos e o conflito
a vontade e a desordem
não podemos ver ao longe
e corremos sempre o risco de ir longe demais

somos meros transeuntes
no passeio dos prodígios
somos só sobreviventes
com carimbos falsos nas credenciais

Vamos enganar o tempo...
(Jorge Palma)

Parabéns!


"Onde quer que nos encontremos, são os nossos amigos que constituem o nosso mundo"
William James

Parabéns Cris!

(não são felicitações atrasadas, mas re-felicitações)


Foto: Dília Costa

segunda-feira, maio 01, 2006

Parabéns a Você, Nesta data querida (continua...)

Parabéns, querida Cris!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Um poeminha para ti, acompanhado de um graaaaaaaaaaaaaaaaaaaande beijinho!!! Nunca percas as asas, que são elas que fazem de ti a pessoa maravilhosa que és...
AS MINHAS ASAS
Eu tinha umas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Que, em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.
– Eram brancas, brancas, brancas,
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas,
Por isso voava ao céu.
Veio a cobiça da terra.
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
– Veio a ambição, co'as grandezas,
Vinham para mas cortar
Davam-me poder e glória
Por nenhum preço as quis dar.
Porque as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da terra
Batia-as, voava ao céu.
Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas,
E já suspenso da terra,
Ia voar para elas,
– Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi entre a névoa da terra,
Outra luz mais bela que elas.
E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Para a terra me pesavam,
Já não se erguiam ao céu.
Cegou-me essa luz funesta
De enfeitiçados amores...
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!
– Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores.
E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu
Pena a pena me caíram...
Nunca mais voei ao céu.
Almeida Garrett