A Palavra do Senhor acompanhada de uma bica e de uma tosta mista
Curiosidade para alguns, sugestão para todos, mas é com o tal sorriso no rosto que deixo aqui esta pequena descoberta. Somos os maiores da Península Ibérica em tanto materialismo, de necessidade discutível... Porque não sermos os únicos em algo tão mais próximo da Verdadeira Vida, aquela que gerimos diariamente e para a qual buscamos, por isso, respostas constantes?
Quando acaba a adoração, depois dos cânticos e dos momentos de reflexão e do pai-nosso e de todos terem louvado ao Senhor, os fiéis não se vão logo embora. Aproveitam para beber um café, para comer uma fatia de bolo caseiro ou um croquete que sabe mesmo a carne, para discutir os últimos desaires do Benfica, para contar as diabruras dos miúdos. Atrás do balcão, Lina e António estão atarefados. A aparelhagem toca, baixinho, uma música que fala de fé enquanto, na pequena capela ali ao lado, há quem continue de mãos postas a rezar.
São assim as tardes de sábado no Café Cristão, na Amora, Seixal. Inaugurado a 24 de Junho, com a presença e a bênção do bispo de Setúbal, o primeiro Café Cristão da Península Ibérica está ainda em fase de arranque: o calor levou a maior parte dos fiéis para a praia e as acções de divulgação só agora estão a começar. "Lá para Outubro esperamos já estar a funcionar em pleno", garante António Andrade, que, com a sua mulher Lina, gere o espaço.
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Aberto de quarta a domingo, o Café Cristão funciona como qualquer outro café, com a excepção de que aqui não se vendem bebidas alcoólicas. "Mas isso não quer dizer que as pessoas não se divirtam", avisa Lina Andrade. "Pelo contrário, gostava muito que este fosse um espaço de alegria."
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"Há pessoas que aparecem aqui porque querem conversar, precisam de uma palavra amiga ou de companhia para rezar", conta Lina. "Este é um espaço de escuta, de acolhimento." E é por isso que todos os que trabalham no café (cerca de dez voluntários) começaram a encontrar-se naquele local, mesmo quando ainda estava em obras, para rezarem em conjunto. "Fizemos uma espécie de preparação e tentamos estar sempre uns minutos na capela antes de começar a trabalhar."
Os sábados são especiais. Entre as 16 e as 18 horas, o tempo é de adoração. Não há padre no altar, mas há uma dúzia de fiéis nas filas de cadeiras, de mãos estendidas, e a oração vai surgindo, naturalmente, às vezes em forma de canção. António agita a pandeireta para que ninguém se engane no ritmo das músicas. À noite, a animação inclui teatro, debates e música, por exemplo com grupos cristãos que falam de Deus ao ritmo do rock ou do rap.
DN (vale a pena lêr todo o artigo aqui)