25 Abril (II)
Meia noite. 25 de Abril de 1974. Largo do Carmo. Na rádio começa a leitura da primeira estrofe do poema "Grândola Vila Morena". A música com o mesmo poema interpretada pelo Zeca Afonso começa a ecoar. O povo é sereno e aguarda. Os militares saem à rua. É o fim da ditadura. Grita-se por liberdade. Cravos nas pontas das armas. O povo é efusivo e comemora. Os militares continuam na rua e festejam. É o principio da democracia. Grita-se por liberdade.
Meia noite. 25 de Abril de 2006. Largo do Carmo. No palco começa a leitura do poema "Grândola Vila Morena". A música ecoa por todo o largo. O povo festeja sem serenidade. Os militares assistem à festa. Ninguém sabe o que é a liberdade. Cravos nas lapelas. O povo é desmedido e acaba com a festa. Os militares fogem de pedras habilmente arremessadas. Ninguém sabe o que é a liberdade. Mas há cravos nas lapelas e grita-se dia da liberdade.
Meia noite. 25 de Abril de 2006. Largo do Carmo. No palco começa a leitura do poema "Grândola Vila Morena". A música ecoa por todo o largo. O povo festeja sem serenidade. Os militares assistem à festa. Ninguém sabe o que é a liberdade. Cravos nas lapelas. O povo é desmedido e acaba com a festa. Os militares fogem de pedras habilmente arremessadas. Ninguém sabe o que é a liberdade. Mas há cravos nas lapelas e grita-se dia da liberdade.
"Ainda mal o sol nascera
Já a multidão descera à praça principal
Era o grande ajuste de contas
E as pessoas estavam prontas a acabar de vez com o mal
Tinham sido anos a fio
A lutar com a fome e com o frio
Ao som de promessas de pão e de conforto
Agora o povo queria o poder
Já não tinha mais nada a perder
Quando um homem tem vida de cão
Mais lhe vale ser morto
O sangue correu pelo chão
Em nome da revolução e o povo acabou por vencer
Celebrou-se a liberdade
A igualdade e a fraternidade que acabavam de nascer
Mas ao chegar a vez de cada um
Trabalhar para o bem comum
Aí começaram os dissabores
E em vez de ficarem unidos
Dividiram-se em mil partidos
Lá no fundo, todos queriam ser
Ditadores (...)"
(Jorge Palma)
5 Comments:
Sintonia, pura sintonia
é arrepiante pensar no 25 de abril, saber que é à vontade de ir mais longe face ao risco perigo que espreita e escorre de cada esquina, em nome de um ideal que é a liberdade.
e afinal, para quê, por quem, se nao pegamos com as nossas mãos na nossa vida, com medo de a sujar ou deicar cair??
grande Jorge Palma, grande Jorge Palma
*deixar cair (o cansaço não me deixa escrever adequadamente)
"O povo é desmedido e acaba com a festa. Os militares fogem de pedras habilmente arremessadas" Fiquei preocupada. O que é que isto quer dizer??
Quer dizer exactamente isso. Ou por outras palavras quer dizer que um casal embriaga-se e discute bem perto da "festa da liberdade", os militares são chamados a intervir pelos desacatos provocados mas rapidamente se vão embora quando a parte feminina do casal decide arremessar algumas pedras da calçada contra eles... Eu senti-me muito mais seguro (ou não)... É o país que temos e nada surpreende...
São estórias e histórias do Bairro Alto de todas as noites... nesta comemorava-se a liberdade...
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