Despreocupadamente: Da Bélgica para miúdos e graúdos!

sexta-feira, outubro 13, 2006

Da Bélgica para miúdos e graúdos!




É algo que não se desvanece da memória colectiva. Haverá quem nunca tenha passado os olhos pelos livros da Anita? Toda a gente sabe quem ela é Anita, a rapariga com cara laroca que há meio século acompanha a infância de milhões de pessoas espalhadas pelo mundo.
(...)
A personagem nasceu da sinergia entre o escritor Gilbert Delahaye e o pincel do ilustrador Marcel Marlier. (...) Marcel Marlier, belga, 76 anos, uma figura simpática e que irradia boa disposição. Traz umas pranchas em papel enroladas e senta-se à mesa de uma esplanada. É a primeira vez que visita Portugal. Mas frisa logo "Tenho muito carinho por este país porque nunca mais me esqueço que a primeira carta que recebi de uma fã vinda do estrangeiro veio daqui".
"Isso aconteceu há mais de 40 anos", prossegue. "Foi algo que me emocionou bastante e que me aqueceu o coração".
O ilustrador belga está cá para a inauguração de uma exposição comemorativa dos 50 anos da Anita. Só em Portugal, e desde que "Anita Dona de Casa" chegou às livrarias em 1965, o fenómeno já vendeu mais de 12 milhões de exemplares.
A pergunta afigura-se previsível como explica semelhante sucesso? "Nunca sei responder a isso", diz-nos, "mas julgo que será porque a personagem é uma menina que está sempre disposta em praticar o bem". Quer isso dizer que a Anita representa a criança perfeita? O belga discorda: "Não propriamente". E diz: "Há livros em que ela faz asneiras como, por exemplo, uma situação em que ela deseja tanto uma boneca que acaba por roubá-la. As crianças fazem isso. Mas é preciso educá-las para se corrigirem logo. (...)
Marcel Marlier labuta no atelier da sua própria casa na Bélgica. Confessa que "não é um daqueles locais secretos de trabalho" e que aconteceu-lhe amiúde ter muitas crianças à sua volta. "A minha família convive mais no atelier do que na sala de estar", garante-nos. E se no início trabalhava com aguarelas, anos depois passou a utilizar guache. Hoje, todavia, recorre a tinta acrílica. E conta-nos como nasce cada livro "Recebo pedaços dos textos e, a partir daí, começo a imaginar os desenhos. Chego a fazer cinco ou seis pranchas diferentes até decidir qual é o melhor".
Os primeiros traços nascem de um simples lápis cinza. Só depois enche os desenhos com aquelas cores que nos enchem os olhos. O belga desenrola as cartolinas e faz questão de nos mostrar algumas das ilustrações originais que vão constar no próximo volume "Anita e um amor de pónei", com edição agendada para os próximos meses. Estão lá as características clássicas da Anita: os rostos perfeitos, um apelativo jogo de cores, sorrisos, um cachorro com ar feliz que corre numa planície debaixo de um céu carregado de estrelas cintilantes. Um cenário real, sim, mas por muitos considerado demasiado perfeito.
Marcel Marlier está habituado a receber críticas. Muitas e variadas. Por exemplo há quem o acuse de ser o criador de um universo que mais não faz do que transmitir uma visão sexista da vida. O belga encolhe os ombros e não esconde um sorriso de despreocupação. Ele diz "Quando tens sucesso aparece sempre gente para te criticar: já me criticaram por desenhar as saias demasiado curtas e já disseram que a Anita era uma burguesa só porque desenhei um carro para ela ir com a família para o campismo". Mas acusados de serem comunistas ou nazis (dependendo das teorias), também Marcel Merlier não se livrou de acusações desta estirpe "Chamaram-me racista por ter desenhado um boneca mulata com o nome Cacau", aponta.
JN
No âmbito das comemorações do 50º aniversário da Anita a Editorial Verbo apresenta uma exposição na Praça Central do Centro Colombo, de dia 3 a 15 de Outubro. A Exposição inclui dezenas de ilustrações originais e muitas surpresas e actividades que vão animar este espaço durante estes 15 dias.vai reunir pela primeira vez, em Portugal, material de Anita proveniente dos quatro cantos dos mundo contém uma caracteristica inovadora: para que os mais pequenos não percam pitada a legendagem original da exposição irão acompanhada por um texto com linguagem adaptada às crianças.As crianças terão a oportunidade de conhercer a história da Anita e dos seus criadores, construir um puzzle gigante, ouvir da voz de uma contadoura de histórias as suas aventuras preferidas, dar aso à sua criatividade num concurso de desenho e circular por entre três cenários que reconstituem o ambiente de três livros da colecção: Anita Vai à Escola (1957), Anita Mamã (1968) e Anita e os Fantasmas (2006), lançado recentemente.

3 Comments:

At 14 outubro, 2006 14:16, Anonymous Anónimo said...

:) A Anita ... curiosamente sempre me chamaram assim, e não Aninhas ou Anocas ou qq outra coisa. Daí q tenha uma relação especial com a Anita.

E com a Ana dos cabelos ruivos...

 
At 14 outubro, 2006 15:45, Blogger Rogério Junior said...

E não há criança que não se delicie com a Anita... :)

Imaginar o criador da personagem rodeado de crianças enquanto trabalha é algo fascinante...

"Um cenário real, sim, mas por muitos considerado demasiado perfeito."

Não será também assim a Vida?

 
At 10 agosto, 2010 08:34, Blogger Lume said...

Aprendi qualquer coisa hoje ! Sou Belga de origem Portuguesa e não conheço esse senhor nem a Anita !Bravo!Vou pesquisar,lol

 

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