Despreocupadamente: Lei da Oferta e da Procura

terça-feira, abril 04, 2006

Lei da Oferta e da Procura

Seguindo a mesma mania de fugir aos números, mesmo estando a estudar Economia, afastei as fórmulas do meu espírito, pois houve algo que captou a minha atenção: Lei da Oferta e da Procura. Se uma pessoa compra 1 Kg de pêras, a oferta é baixa, mas se 10 pessoas decidem comprar 1KG de pêras, a oferta tende naturalmente a aumentar. Olha, pois é. É o B A BA da micro e macro economia, com mais ou menos floreados. Mas, se transpusermos esse princípio para o funcionamento da sociedade, acabamos por constatar a sua veracidade também. Aliás, foi a aplicação deste princípio que conduziu ao estado actual das coisas. Ora vejamos: os primeiros Homens eram nómadas; andavam de um lado para o outro em busca de comida e de água. A procura era baixa. Mas, devido à insatisfação constante da alma humana, aumentou a procura. Colher frutos, raízes e plantas ja não era suficiente; era preciso também caçar, ír à pesca. E, já agora, porque não sedentarizar-se? E a procura não parou de aumentar: roupas, utensílios diversos, casas, fogo, roda, viaturas, electricidade, canalizações, sistemas de irrigação, novas técnicas de produção agrícola (e, já que já sabemos produzir vegetais e animais artificiais, porque não produzir uns seres humanos também?), telemóveis, computadores, utensílios cada vez mais complexos, etc, etc. A procura aumenta com o desejo de tudo controlar. Já não sabemos parar, mas não faz mal, pois a oferta acompanha a procura. Se nascemos com uma carinha menos laroca, não ficamos à espera que alguém repare em nós; recorremos a uma cirurgia e transformamo-nos em mais um belo exemplar humano. Para tudo há uma oferta. Se não houver, chamamos a esse vazio uma lacuna e tentamos rapidamente preenchê-la. Como é maravilhosa a capacidade da oferta de acompanhar sempre a procura, graças ao poder sem limites do ser humano! E assim, compreendi mais um princípio económico.
Mas, como foi o espírito humano que criou o princípio (pelo menos, este), também permiti ao meu que se deixasse levar na busca da excepção à regra. Não que isto tenha alguma importância, mas trata-se de um exercício tão divertido, que não resisti! E não é que há mesmo uma excepção a esta regra da oferta e da procura? O que dizer dos milhares de crianças no mundo, envoltos em moscas e de estômago colado às costas, que PROCURAM um pouco de Amor? Que dizer dos velhos, abandonados nos corredores de hospitais, ansiando por um olhar de Amor (ou talvez, às vezes, apenas de piedade)? O que aconteceu à oferta de Amor às vítimas do racismo e dos mecanismos da sociedade que não compreendem? Quem oferece Amor a um preso que, depois de ter cumprido a pena devida, nao tem outra possibilidade a não ser voltar à condição de preso? QUEM SE ESQUECEU DA LEI DA OFERTA E DA PROCURA, QUANDO FALAMOS DE AMOR? Há um vazio, uma lacuna. Porque não corremos todos, maravilhosos espíritos humanos, a tapar este enorme buraco? É urgente! Não deixemos o princípio ficar desprovido de todo o seu sentido, precisamente onde ele devia fazer mais sentido. Se oferecermos um pouco mais, a Oferta aumenta e, talvez um dia, possamos esperar que a Procura desapareça. Um dos nossos principais deveres (senão o principal) é impedir que alguém possa ainda pedir Amor, à nossa volta! Começamos já, agora, neste instante?

2 Comments:

At 04 abril, 2006 19:11, Blogger Lígia Mendes said...

Oh, Cristina, parece-me que se inflaccionarmos o Amor, a situação piora, ou não?

 
At 21 julho, 2006 23:05, Anonymous Anónimo said...

Super color scheme, I like it! Good job. Go on.
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