Crónica: Há dias... - parte I

... que era melhor ficar a dormir.
Não é que um gajo acorda logo pela manhã ao som do despertador que se lembra de tocar a "Missão Impossivel" (nada mais apropriado) para ir fazer mil e uma coisas e leva com os embroglios que relato já de seguida:
Logo mal saio de casa o caminho é os CTT onde me deparo com uma fila gigantesca, própria das segundas-feiras, para quando levanto a cartinha descubro que é uma multa das Finanças para pagar! Toma!
Passo à etapa seguinte onde descubro que em Portugal se o médico está de férias ninguém passa receitas de medicamentos... quer dizer até passam, mas temos de fazer cara feia, falar com palavras caras e tentar explicar que trabalhamos até de madrugada e é impossivel estar lá no dia seguinte às 7 da matina (é a chamada cantiga do pobre que comove sempre).
Já pelos cabelos e atrasado para um almoço lembro-me de chamar um taxi... (já arranjei desculpas mais esfarrapadas para andar de táxi) Triste idéia!
O velhinho (arrisco-me mesmo a dizer que mais velho que o M.Soares) além de mouco e compreensão lenta andava devagarinho... Lá lhe gritei umas quantas vezes "Largo do Carmo" ao que ele umas vezes me respondeu - "Largo S. Paulo", outras "ao pé de quê" ou um simples encolher de ombros...
Fui, vagarosamente, explicando o caminho até que no ponto fulcral ficou no ar o -"Vire aqui á direita", ainda agora não percebo porque é que ele me respondeu -"Sim, já sei" e seguiu em frente... Desisti.
Encostei-me e quando dei por mim estava no largo... do Calvário! Nem discuti. Paguei e quando me ía a enfiar noutro táxi (depois de ter insultado todas as descendencias da familia do fogareiro) lembrei-me de beber um cafézinho... Depois de ter sido ignorado, mal atendido, e por pouco expulso lá consegui beber o café (entenda-se zurrapa) frio e manhoso. 15 minutos - Largo do Carmo.
Como já se deve ter percebido pela hora em que escrevo não saí própriamente cedo... Antes de regressar a casa ainda tive de passar por um grupo de pseudo-vagabundos de cachecol e sapato de vela que insistiam em deslocar os caixotes do lixo para o meio da rua, mas aí e avizinhando o que se passaria lá coloquei o meu molhinho de chaves na mão - sempre dá a idéia que a casa é já ali e serve especialmente para o primeiro que se lembrar de improvisar... - não foi necessário, lá consegui apanhar mais um táxi de volta... e já avizinhando uma viagem rápida lembrei-me de fechar os olhos... Que grande idéia! O homem berrou logo - "QUER QUE VÁ PELA ARTILHARIA 1??" . Sei lá onde é a Artilharia, se soubesse comprava lá uma arma de certeza... acho que ainda grunhi - "Odivelas", mas não estou certo.... e ainda há poucos minutos descobri que jantar hoje está fora de questão... Digam-me lá se não há dias que mais valia nem acordar?

Desculpem lá este textinho que não se enquadra nos meios editoriais do Despreocupadamente e já agora deixo a idéia para as vossas peripécias diárias! Sempre sem preocupações claro!