estações...
Não existe nada mais triste do que uma estação terminal. A beleza de uma linha férrea é a sua continuidade, o padrão interminável, madeira sim, madeira não, a estender-se para um lugar que os olhos não vêem mas o coração adivinha. Fico de pé, junto ao carril, e imagino aquela força que passa sem se deter, o delicioso impacto do vento que me empurra para trás sem me tirar do lugar; o som, depois o som perdendo-se enquanto galga os espaço de uma descoberta constante, lado a lado com o adolescente que nos olha do banco de trás de um carro. Uma revista aberta, um sono em recuperação, um olhar para o horizonte sem sincronia possível com o pensamento.
Uma estação terminal é um lugar triste. Uma parede que é um nada. Há-de haver um. Há-de haver um dia um comboio que, com a sua pesada vontade, não se deterá. Há sempre um. Por cada comboio que passou vem sempre outro a caminho.
Miguel Tomar Nogueira
2 Comments:
Mano,
Só li o teu post depois de ter escrito no Mundos. Não acredito em coincidências. Nunca.
"Há-de haver um dia um comboio que, com a sua pesada vontate, não se deterá." ...
Havemos um dia poder olhar para trás e dizer - "Houve um dia em que conduzi um comboio..."
Enviar um comentário
<< Home